Proposta de uma Conferência Libertária

Num período de crise global do capitalismo, em que a insatisfação geral de largos setores sociais oprimidos e marginalizados se rebela contra a acomodação instalada das oposições tradicionais de esquerda e busca novas formas de organização libertadoras à margem dos partidos…

Em que uma crescente vaga de insatisfação exprime a sua oposição, mas sem encontrar um ideário, uma compreensão profunda dos mecanismos de dominação e da forma como ela se exerce, no caminho para a compreensão da impossibilidade de reformar esta democracia….

Em que o contacto e o debate entre as correntes libertárias se amesquinha e desfalece, escasseando as iniciativas, os meios de reflexão e a difusão sobre a diversidade das suas propostas…

Em que, ainda assim, aqui e ali, se constituem núcleos cuja sociabilidade abarca cada vez mais a vida “lá fora”, com outros jovens, outros trabalhadores e outros moradores, afirmando e propondo o seu modo de ver, de resistir e de viver realmente alternativo…

Neste quadro todas as iniciativas de contacto, de debate, de aprendizagem, por modestas que sejam, podem ser uma oportunidade para abrir caminhos, para reforçar o papel da corrente libertária, e para tornar mais visível e mais compreensível aquilo que propõe.

Assim a Conferência Libertária que vos apresentamos e para a qual vos convidamos.

Aberta e dirigida a todos os coletivos e a todos os indivíduos que se revejam conjuntamente num plataforma comum contra o Capital, o Estado e a Hierarquia, reclamando-se ou não especificamente da experiência
anarquista, habitantes da região portuguesa ou não.

Com objetivos que contemplam apenas, nesta fase, o reforço da nossa coesão e da nossa presença, e que ajude a compreender melhor o mundo à nossa volta para melhor nele intervir.

A realização de uma Conferência Libertária que permita abordar as temáticas mais gerais e mais comuns aos que nela participem e as que forem mais específicas e particulares, mas ainda assim traduzam plataformas de atividade, de modelo de vida ou de formas de intervenção que ajudem a consolidar as propostas de rutura mais profundas mas perfeitamente audíveis e compreensíveis.

Que permita a apresentação de comunicações prévias a submeter a debate e a proposição de temas, e que, na sua realização, permita espaços de confraternização, de debate e de festa, que procure aprofundar os balanços das grandes questões com que nos enfrentamos no passado, mas sem se enredar na pequena história, conjuntural e parcelar, e que permita estimular as práticas libertárias e o seu intercâmbio.